sábado, 25 de fevereiro de 2017

Carta aberta à minha prima “Leoa”










Querida prima dos “Leões”
Em primeiro lugar estimo que estejam todos bem de saúde, que por cá todos nós vamos indo, uns dias piores outros melhores.
O que me levou a escrever-te foi a preocupação pelo teu estado de saúde, porque tenho reparado que quando coloco alguma publicação no Facebook, relacionada com “o meu Grupo de Forcados” logo aparecem nos teus comentários uns bonequinhos em agonia, desprezo e até mesmo a vomitarem. Se esses bonequinhos estão a retratar o teu estado de saúde, fico preocupado e faço votos que tudo volte ao normal, o mais rapidamente possível.
Se esses bonequinhos retratam uma outra patologia então talvez eu possa ajudar com alguma explicação que depois requer ajuda profissional.
Mas vamos por partes:
Encaro o Futebol, da mesma maneira que encaro uma outra modalidade qualquer. Respeito todas as modalidades, desportivas, os seus intervenientes, simpatizantes, as suas tendências clubísticas e mais uma série de coisas.
No caso do Futebol, quase que sou obrigado a ouvir e ver aquilo que me impingem durante algum telejornal. Certo é que como não percebo nada daquilo, nunca entro em discussões com outras pessoas até porque cada um tem o seu ponto de vista e todos se acham donos da razão e eu, esses caminhos não trilho, porque nunca levam a um consenso.
Especulando mais sobre o assunto (só contigo que és de família e vais compreender) acho-me no direito de pensar assim:
No tal pouco que me é dado a ouvir ou ver nos telejornais, tenho visto avós, netos, pais e filhos irem a um estádio com o intuito de se divertirem e são apanhados por uma qualquer escaramuça onde morrem ou ficam feridos, carros danificados etc.…. Já vi colegas de profissão acertarem nas pernas uns dos outros sem terem a intenção de irem á bola, cuspirem na cara uns dos outros, chamar nomes às mães dos colegas. Com cara de dor, fazerem um grande aparato deitados no chão sem que o adversário lhes tenha tocado etc……
Claro que não estou a generalizar porque bons e maus profissionais há em todos os setores da nossa sociedade. Mas olha prima, eu não me meto nisso o que eu gosto mesmo é de estar junto da malta que tal como os que gostam de Futebol, eles gostam de touros e das outras equipas (leia-se) Grupos. Por vezes até treinam juntos. Quando há jogos (leia-se) touradas, em que estão duas equipas (leia-se) Grupos em campo (leia-se) arena, se um da equipa (leia-se) Grupo, está em dificuldades é natural verem-se jogadores (leia-se) Forcados, da outra equipa (leia-se) Grupo, irem em seu auxílio. Por isso não são falsos, fanáticos, ou facciosos.
Sabes prima, já vi “os meus rapazes” com tostões auxiliarem quem nada tem e alguns que ganham milhões nem se lembram que essas pessoas existem. Olha prima, por vezes ando com eles (vou lá tirar umas fotografias) por isso sei que aquilo é duro. Aleijam-se de verdade, mas querem lá eles saber, gostam daquilo como os outros gostam de Futebol, e vão lá outra vez. Aquilo é que é paixão, união, estoicismo, abnegação e mais uma serie de palavrões, com que eu me identifico. Hoje, sábado, 25-02-2017, lá foram eles palmilhar 200 quilômetros para irem abraçar os animais que tanto gostam. Não pude ir, mas sei que certamente não levaram o Ferrari, ou o Porsche, esses ficaram dentro das capas das revistas que lá têm por casa.  Organizaram-se e foram divididos por uns quantos carros (que passaram na inspeção o ano passado) bem como dividiram o pagamento do combustível que tem que dar para o regresso o que perfaz cerca de 400 quilômetros. Só depois quando chegarem é que vão beber umas “jolas” ou uns tintos nos balneários (leia-se) tertúlia sem pensarem muito nas feridas, nem se travarem de razões, uns com os outros, porque aquele pegou melhor ou pior que o outro.
Os “meus rapazes” lá dentro do campo (leia-se) arena estão a lidar com a verdade, com a vida e a morte, sem subterfúgios nem intrujices.
Sabes prima, é dessa verdade que eu gosto, aprecio e dou valor tal como o dou à tua saúde e daí a minha preocupação contigo.
Deste teu primo que te adora.
Amaral de Oliveira
P.S. – Quando vieres ao Ribatejo, cá te recebo com uma visita guiada ao nosso campo (leia-se) Tertúlia                      

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

“Há duas espécies de ruínas: uma é o trabalho do tempo, outra o dos homens”.












Olhei para ti e reparei que ainda lutas contra as intempéries.
É uma luta desigual, sim eu sei.
Sei que em outros tempos aguentavas melhor.
Tinhas amigos que cuidavam de ti, te acarinhavam a troco de nada.
Tu eras tudo para eles.
Eles sabiam que te importavas com as lágrimas derramadas e as vibrações de alegria e cuidavam de ti.
Quando a natureza te molestava e te provocava feridas lá vinham eles para as sararem a troco de nada.
A troco de nada os teus amigos faziam alarde de ti.
Tu eras tudo para eles, eras o orgulho deles.
Entrei dentro de ti, olhei para ti e fiquei com saudades dos teus amigos.
Eles já cá não estão, mas tu ainda lutas.
- Sabes, ainda conheci alguns dos teus amigos.
- Hoje dia 04-01-2017, dentro de ti, estiveram os meus amigos.
- Sabes, eles são descendentes de amigos dos teus amigos e aos quais absorveste lágrimas e vibrações de alegria, lembras-te?
- Não sei se os meus amigos repararam em ti.
- Mas se repararam em ti, certamente pensaram que estás bem porque nunca te viram como eu te vi.
- Eu tenho a sorte de ter esses rapazes como amigos, e eles hoje estiveram aí a treinar.
- Os teus, há muito que se finaram, mas tu ainda lutas.
(Praça de Touros de Vila Nova da Barquinha)