segunda-feira, 19 de março de 2018

"Entregar o ouro ao bandido"










Porque devo respeito aos seguidores deste Blogue, cabe-me informar o seguinte:
Apanhado de surpresa por uma rede social, onde através de uma notícia ai publicada tomei conhecimento que “se demitiu” o Cabo dos Amadores de Riachos, João Branco” fiquei perplexo (mas não tanto). Eu, “afastado” das lides do Grupo, pelos motivos que anteriormente tenho evocado não me cabe fazer apreciações sobre tal ato, respeitando a atitude do interveniente, embora tenha a minha opinião formada acerca de tal decisão (que pode não corresponder á verdade mas que é minha) e não necessito de pedir desculpa a ninguém por a estar a melindrar nesta minha análise dos factos que vou fazer. Como é sobejamente conhecido o meu “hobby” é recuperar a história dos “Homens de Forcado” e Grupos que fazem parte da “História do toureio em Portugal” e que são oriundos da Vila de Riachos. Não me canso de referir este livro. “Visitas Paroquiais na Região de Torres Novas” de Isaías Rosa Pereira, que ao referir-se a uma ata escrita, quando no dia 31 de Outubro de 1747, depois de uma visita Paroquial à Igreja dos Casais de Riachos, feita pelo Dr. Luís Gomes de Loureiro em nome do senhor Cardeal Patriarca D. Tomás de Almeida, diz o seguinte:
“Constou-me que os moradores, mordomos e confrades do dito lugar de Riachos, aplicam e gastam os rendimentos das confrarias e esmolas que dão os moradores do dito lugar, ou esmolas que lhes são impostas, em coisas menos licitas e festas de touros que não são do agrado de Deus”. (Quanto a isto e para bom entendedor meia palavra basta).
Então, sabendo nós que a Vila de Riachos tem “culpas” no desenrolar da “Festa dos Touros” no nosso País, pressupomos que exista da parte de quem de direito, mais respeito, pela história, deste povo e da Tauromaquia no geral o que não acontece. Bom! Mas para sermos respeitados temos que nos dar ao respeito e é aí que entra a minha opinião acerca do abandono do cabo João Branco. Seu pai Carlos Branco, organizou e chefiou o Grupo desde o primeiro treino em 08-08-2010 até á “passagem de testemunho” para o seu filho João Branco em 26-07-2015. “Sei eu e sabe Deus” as dificuldades por que passou o Cabo (e não só) para iniciar assim uma nova “golfada de ar Tauromáquica” na Vila de Riachos e sempre com o objetivo de se integrarem “ no meio taurino” de igual para igual respeitando sempre as diferenças entre quem já está e de quem está a começar do zero mas com muito querer, responsabilidade, e respeitando a história: Era, uma oportunidade de que necessitavam e o “POVO” (publico) que fosse o Juiz. Não tiveram essa oportunidade, mas para mim tiveram uma coisa muito mais importante. Todos os que se iniciaram nesta aventura fizeram acontecer um sem número de eventos para cativarem novos aficionados (que aos olhos de muita gentalha são eventos menores sem projeção, sem lucro). Medíocres que são, essas criaturas esqueceram-se que tal como a escravatura e a pena de morte “acabou”, também a Tauromaquia, tem tendência a acabar, ido por esses caminhos que muita gente está a calcorrear. As camadas mais jovens estão viradas para outras vertentes mais cómodas já não se sujeitam a sacrifícios nem a temeridades se não forem educadas para isso desde tenra idade (tudo isso o Grupo tenta fazer). O João Paulo, embora “tenha sido criado” no ambiente taurino através do seu pai e tenha enveredado por ser Forcado, não estava preparado para comandar um Grupo. Esteve bem (diria muito bem) quando se iniciou no grupo de Forcados Amadores de Tomar, nessa altura comandado pelo Sr. Carlos Alberto. Com a passagem para o Grupo de Riachos, (comandado pelo seu pai) o seu “rendimento” não abrandou sendo ele um Forcado da cara, onde esteve sempre á vontade e á altura de todas as situações. Como tal quiseram os seus companheiros indigita-lo como cabo mas como jovem que ainda é (com sangue na guelra), sempre quis mais, melhor e depressa, focando-se em objetivos (e bem) mas que outras energias não o deixaram concretizar. Entrave atrás de entrave a malta jovem não tem paciência para aguentar a pressão, e quanto a mim o João Paulo com esta desistência está “a dar o ouro ao bandido”. Como Forcado da cara, o João Paulo quer pegar touros, queria que o seu Grupo fosse mais visto e reconhecido, ter mais corridas, mas esqueceu-se do mais importante que é parar para pensar. Por vezes é necessário mandar tudo às urtigas, continuar com um passinho certo, fazendo aquilo que se gosta promovendo treinos e eventos para nos deliciarmos, mantendo a tradição da Festa Brava, “na nossa terra”, fazendo novos aficionados que é um trabalho de base que não está ao alcance de todos. Isso é que é um trabalho de valor e um dia talvez apareçam no meio taurino pessoas inteligentes que o reconheçam se entretanto os que por lá andam não derem cabo do resto. Vejamos os eventos que o grupo promoveu na altura do Carlos Branco, observemos os jovens que não tendo muita tradição na tauromaquia, se juntaram ao Grupo, onde uns ficaram, outros abandonaram mas renasceram aficionados e outros ainda “mudaram de camisola” e foram preencher as lacunas de outros Grupos. Só por isso eu iria sentir-me orgulhoso sem ressentimentos tal como se deve sentir o antigo cabo e os seus pares. Nesse comunicado saltou o nome de Nuno Matos para seguir com os desígnios do Grupo, faço votos para que tudo continue a fluir favoravelmente e não voltem a entregar o ouro ao bandido. Quanto a mim, cá vou continuando (ao meu ritmo) com as minhas pesquisas onde tenho compilados cerca de 161 cartéis de corridas de touros entre 1884 e 1965, onde participaram Forcados de Riachos.                             


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