segunda-feira, 31 de outubro de 2022

                                           2022     Historial atualizado

 

Para falarmos nos Grupos de Forcados da Vila de Riachos, (Ribatejo, Portugal), teremos que recuar no tempo até ao século XVIII.

As gentes de Riachos, já por essa altura mostravam grande empatia pela festa brava como nos dão conta umas frases escritas no livro “Visitas Paroquiais na região de Torres Novas” de Isaías Rosa Pereira, que ao referir-se a uma ata escrita, quando no dia 31 de Outubro de 1747, depois de uma visita Paroquial à Igreja dos Casais de Riachos, feita pelo Dr. Luís Gomes de Loureiro em nome do senhor Cardeal Patriarca D. Tomás de Almeida, diz o seguinte:

Constou-me que os moradores, mordomos e confrades do dito lugar de Riachos, aplicam e gastam os rendimentos das confrarias e esmolas que dão os moradores do dito lugar, ou esmolas que lhes são impostas, em coisas menos licitas e festas de touros que não são do agrado de Deus”.

No século XIX, já Forcados de Riachos (embora não organizados como grupo) faziam pegas na Praça do Campo de Sant’Ana em Lisboa que foi inaugurada em 1831 e demolida no ano de 1889, três anos depois seria substituída pela Praça do Campo Pequeno, que foi inaugurada a 18 de Agosto de 1892, onde o grupo de forcados interveniente no espetáculo era o de Riachos.

Antigamente aos Grupos de Forcados, só era dado o nome do cabo: denominavam-se por isso o Grupo de Forcados do senhor “beltrano ou sicrano”

O Grupo de Forcados de Riachos, apareceu mais ou menos organizado por volta do ano de 1870, mas ai ainda com o nome do cabo que era Júlio Rafôa.

Nas últimas duas décadas de 1800, até 1908, era o seu cabo, José Sapateiro, alternando com outros tal como Manuel Alcorriol. Manuel Alcorriol teria sido o responsável pelo primeiro grupo de forcados que aparecia com o nome da terra que representava, e denominava-se por Grupo de Forcados de Golegã/Riachos ou vice-versa Riachos/Golegã. Um dos primeiros cartéis que consegui recuperar data de Sexta-feira, 20 de Junho de 1884 em Tomar, onde foram lidados 12 touros Irmãos Robertos, para o cavaleiro José Bento de Araújo, bandarilheiros: Vicente Roberto; Roberto da Fonseca; João Roberto; José Maria Costa; António Augusto e outro. Um Grupo de Forcados da Golegã e Riachos. 

Em 1885 no dia 17 de Maio foi inaugurada a praça de Touros de Torres Novas, e o Grupo de Forcados era composto na sua maioria por elementos de Riachos.

Em 1889 mais concretamente nos dias, 19;20 e 21 de Maio deram-se três corridas de touros na inauguração da Praça de Touros de Évora, em que foram lidados 36 toiros e participaram os Forcados de Riachos/Golegã, assim denominados na altura.

A 4 e 5 de Março de 1894, realizaram-se corridas de touros na Praça do Real Coliseu Portuense, com a presença do Rei D. Carlos e dos Príncipes Reais, os forcados foram os de Riachos/Golegã.

Depois de um interregno surgiu novamente na década de 1940, comandado por, António Serra Torres, depois Manuel Faia, seguindo-se José Luís Coragem e por fim “Ruy Manuel” já na década de 1960, tudo grupos profissionais ou “semi profissionais” quando digo “semi profissionais” é porque apareciam nos cartazes referenciados como: Grupo de Forcados de Riachos, Grupo de Forcados Profissionais de Riachos, ou só Grupo de Forcados de “beltrano ou sicrano”

Na década de 1960, houve um interregno que durou até 1995, ano em que ressurgiu novamente o grupo comandado por João António Rodrigues dos Santos.

Este grupo manteve-se até ao dia 25-10-1998, dia em que o cabo fez a sua despedida numa tourada integrada nas Festas da Bênção do Gado na Vila de Riachos.

No ano de 2004 a Câmara Municipal de Torres Novas edita um livro sobre parte do historial dos grupos de forcados da Vila de Riachos, com o título “Esquecidos da Morte” da autoria de António José Amaral de Oliveira.

No ano de 2010, começa a haver nova “movimentação” de alguns elementos do grupo formado em 1995 com o intuito de fazerem renascer novamente o Grupo de Forcados Amadores de Riachos.

Embora já no final do ano de 2010, este novel grupo tenha realizado alguns treinos é no início de 2011, que eles se intensificam na esperança de fazerem a estreia coisa que não se veio a verificar por falta de contratos.

Já quase no final da temporada de 2012, mais concretamente no dia 27 de Julho pelas 22h00 (uma sexta feira) o grupo faz a sua estreia numa corrida na Vila de Riachos, integrada nos festejos da Bênção do Gado é então o atual cabo, Carlos Branco Lopes.

O cartel foi composto pelos cavaleiros Ana Batista, Gilberto Filipe e António Brito Paes, com seis toiros da Ganadaria Murteira Grave, para os Grupos de Forcados Amadores de Cuba e Riachos.

Os elementos que se fardaram para essa corrida foram:

Carlos Branco (Cabo); Jorge Lopes; Jorge Dinis (Rato); João Neves (Tordo); Luís Azevedo; André Gonçalves; Nuno Matos; João “Nhoca”; Marquitos; Vasco Serrão de Faria; Correia; Fausto; Marco Lima; Mário Vieira; João Ferreira; Paulo Ferreira; Nuno Gameiro.

O primeiro elemento a pegar por parte do Grupo de Riachos foi; Luís Azevedo à primeira tentativa, depois foi Nuno Gameiro também à primeira tentativa e a “arrecadar” o prémio para a melhor pega da noite e por último à segunda tentativa (numa rija pega) pegou Nuno Matos.

Destaco nesta corrida o André Gonçalves, pela primeira ajuda que deu ao Luís Azevedo.

Em 26 de Julho de 2015, realizou-se uma corrida mista na Vila de Riachos, onde se procedeu a nova troca de cabo. Do cartel constavam seis (6) touros da Ganadaria Irmãos Correia, para os cavaleiros: Joaquim Bastinhas e Gonçalo Fernandes. O matador de touros foi “Paco Velasquez” e o Grupo de Forcados Amadores de Riachos, que procedia à mudança de cabo. Saía, Carlos Branco Lopes, ficou a comandar o Grupo, João Paulo Conde Branco.

No ano de 2018/ 2019 os desígnios do Grupo, passaram para Nuno Matos. Em 2020, um outro grupo de jovens (liderados por João Ferreira) teimam em não deixar “morrer” o que foi iniciado em 2010 por Carlos Branco Lopes e seus pares. E em 30, de Julho de 2022, esse Grupo, comandado por João Ferreira, faz a estreia na Vila de Riachos, onde pegou em solitário seis touros da Ganadaria Passanha.  

 

                                            (pesquisa elaborada por António José Amaral de Oliveira)