quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Por nós e por todos os outros que por cá passaram

Construída no ano de 1853, a praça de touros de Vila Nova da Barquinha, crê-se que seja a segunda mais antiga de Portugal.
Praça de terceira categoria com lotação para 3580 espectadores, recebeu obras de beneficiação, sem no entanto perder a sua traça original.
Propriedade da Santa Casa da Misericórdia, ai têm lugar anualmente algumas corridas de touros, bem como outros eventos.
Contam algumas pessoas mais idosas que antigamente rapazes da região se juntavam espontaneamente afim de pegarem os touros de determinadas corridas.
Carlos da Silva Amaral, natural do Pinheiro Grande, mas a residir na aldeia do Arripiado muitas vezes atravessou o rio Tejo, em dias de corrida afim de dar largas à sua "aficion" organizando um grupo de rapaziada para pegarem os toiros das corridas.
Segundo contam, fazia pegas de "arromba" deleitando os espectadores que o aplaudiam entusiasticamente.
Integrado num dos contingentes militares que foi para Angola durante a primeira guerra mundial, tentou demonstrar por lá a sua arte em pegar touros, mas como não os havia pegava Zebus.
Um desses animais perfurou-lhe o peito e Carlos da Silva Amaral, foi enviado para o continente para falecer junto dos seus.
Quis o destino que isso não acontecesse, dando-lhe ainda muitos anos de vida, vindo a falecer mais tarde no dia do seu aniversario a 14-03-1968.
Cruzou-se durante a sua epopeia como "Forcado" com elementos que pertenceram aos grupos da Vila de Riachos.
Transmitiu a outras gerações o gosto pela "Forcadagem".
Fernando de Oliveira Anastácio, embora mais comedido (sem praticar) foi um grande aficionado, e também ele incutiu a outras gerações esse gosto.
E é assim através dos tempos que de legado em legado se vai mantendo uma originalidade lusa.
Nada há mais bonito do que ver, numa corrida de touros, um jovem, com simplicidade e valentia, numa pose harmoniosa e admirável, a desafiar um touro. 

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