domingo, 9 de janeiro de 2011

O medo

 João Paulo "Palitos" a olhar para a "porta dos sustos"

A pega ou a arte de pegar toiros só a alguns é permitida, quer pela valentia e audácia que requer, quer pelo simples facto de o Forcado saber controlar o medo.
Não se começa a pegar só para mostrar que se é valente.
Começa.se a pegar porque, como tudo na vida, tem que haver condições propicias para o fazer.
Geralmente vive-se numa zona ou terra com tradições taurinas, ou então tem-se familiares e amigos que são ou já fizeram parte de Grupos de Forcados.
Só depois é que podemos começar a falar em valentias.
Mas isso só por si não basta, tem de haver depois o gosto e até um pouco de temeridade, mas também um grande controlo sobre o medo para que não se traduza em pânico e uma grande dose de humildade.
Nas corridas, as figuras dos Campinos e dos Forcados são singulares e genuinamente Portuguesas.
Não faz sentido comparar os Forcados de hoje com os de antigamente, a avaliar pela entrevista que foi feita ao João Serra "O Forcado das mil pegas"
Alguns excertos dessa entrevista:
Houve empresas que o contrataram separadamente para que fosse ele, independentemente dos Forcados do cartel, a fazer as pegas de caras, chegou a pegar todos os toiros de cada corrida.
Naqueles tempos com "bois" mal intencionados com três e quatro corridas e de quinhentos e tal quilos.
Quando mal ajudado era quando fazia as pegas mais rijas.
Já contava quase com cinquenta anos quando fez a sua ultima pega.
Uma vez em Coruche fiquei muito mal por causa de um "boi" mal intencionado, que eles tinham deixado para os curiosos, dizendo que havia uma libra em oiro para quem o pegasse. Como ninguém lá foi, atirei-me eu para a cabeça do bicho e peguei-o mas levei muita "bordoada" e depois não me deram a libra. Mas aquilo é que era um toiro! tinha um poder de um "boi" pai de vacas!...)
Eram assim os homens de Riachos, "antes partir do que vergar".

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