sexta-feira, 8 de julho de 2011

Salta-lhe p'rá cara, salta-lhe p'rá cara

Comprei um livro.
Nada barato diga-se de passagem, mas na minha "ânsia" em continuar a pesquisar sobre os Grupos de Forcados que existiram na Vila de Riachos, por vezes tenho feito destes desvarios.
Certo é que eu já devia ter percebido que naquelas épocas era dado pouco relevo aos Grupos de Forcados.
Ainda hoje isso acontece, sem que críticos e escritores compreendam que são eles que levam as maiores ovações mesmo que estejam mal. 
As lides a cavalo ou apeadas eram soberanas, e já não bastava os Forcados serem maltratados pelos touros como também o eram pelos críticos e escritores que  não lhes davam relevo nas suas criticas ou quando o davam era para dizerem mal.
Quando comecei a ir ao touros pela mão dos meus progenitores o bulício em redor da praça de touros não me dizia nada, do que eu gostava era do que se passava lá dentro e por isso estava sempre ansioso por entrar.
Fatos, fatos brilhantes, cavalos, touros, capas cor -de- rosa, todo esse movimento e colorido me fascinavam.
Depois, havia aquele toque de "corneta", aquele toque especial e eu ouvia algumas pessoas cantarolarem; "-Salta-lhe p´rá cara, salta-lhe p´rá cara !". Saltavam uns homens lá para dentro, onde estava o touro. Fazia-se silencio na praça e eu ficava com uma sensação que não conseguia entender.
Apercebia-me sim que algo de perigoso ia acontecer.
Com o homem que estava em cima do cavalo não tinha essa sensação, nem com o da capa.
Eles estavam safos, um lá no alto e o outro "atirava" a capa para um lado e o corpo para o outro.
Mas aquele ali a chamar o toiro sem mais nada!... E lá estava eu a fazer perguntas ao meu pai: Quem são aqueles homens? de onde vêm? porque não têm fatos brilhantes? entre outras.
Hoje sei que esses homens não têm fatos brilhantes, nem precisam, porque são eles próprios que brilham, brilham mais que qualquer brilhante.
São eles que pela sua humildade e destemor conseguem arrecadar as palmas e a admiração de todos os aficionados.
Mas tal como antigamente os Grupos de Forcados continuam a ter pouca relevância para críticos e escritores, menos para o povo "anónimo" que felizmente ainda os continuam a idolatrar.
Muita da historia dos Grupos de Forcados de antigamente se perdeu, outra está a ser recuperada, nomeadamente a dos Grupos que existiram na Vila de Riachos.
Certo é que a muito custo e com muito dinheiro despendido em registos que deveriam conter essa historia mas que simplesmente foi ignorada ou omitida.
O tal livro que adquiri, é o "Vocabulário Taurino" de António Rodovalho Duro, que usou o pseudónimo de "Zé Jaleco".
Rodovalho Duro nasceu em Lisboa em 1857, foi Forcado amador, "aficionado" critico e escritor tauromáquico.
Nesse livro vêm descritos apontamentos de corridas de touros de 22 anos 1892»1914 e as referencias aos Grupos de Forcados são nulas.

     
     
 

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